Resumo:
Este
artigo fala sobre a construção da personagem a partir de rituais e sua
aplicação na linguagem realista.
Palavras chaves: Ritual
– Personagem - Realismo
Notícias sob os mofos do teatro realista
Tentarei
construir um texto que se relacione com a pobreza. Primeiramente, vamos deixar
de fora o mercado/comércio/publicidade. Não
vamos nos pautar (só por hoje) pelo cenário oficial, tanto comercial ou
intelectual.
Parêntese.
Vamos
falar um pouco do cenário oficial.
Nílzia
Villaza em seu artigo Performance e o
paradigma depressivo começa com o parágrafo:
A junção dos termos
acima [Performance e o paradigma depressivo] parece paradoxal, mas, de alguma
forma, é sintomática dos tempos atuais em que o Estado se retrai e os cidadãos
são chamados a se produzirem performaticamente no espírito da lógica
neoliberal, por meio do consumo e da visibilidade crescente oferecida pela
multiplicação dos suportes midiáticos. (2009, p. 205).
A
sociedade performática já se consolidou uma constante, que se reproduz em diversos
discursos confirmando a “sociedade do espetáculo” (DEBORD, 1997). Para elucidar
cito passagens como:
A maior parte dos
seres humanos constrói moradias, dança, cozinha, assiste jogos esportivos,
estuda, casa ou descasa, viaja, conta histórias, caça algum animal – ainda que
com tubos de aerossol. Do mesmo modo, desempenha papéis sociais: são, pais,
filhos, avós, cunhados ou sobrinhos dedicando-se às mais diversas profissões e
atividades dentro das sociedades, conformando uma múltipla e densa rede de
interações. O que há em comum em tudo isso é a performance (MOSTAÇO, 2009, pg.
15)
Basta recorremos às
nossas lembranças para verificar que ao caminhar pelas ruas da cidade há uma
variedade de situações de encenações realizadas por não atores, ou seja:
sujeitos leigos no desempenho de suas atividades profissionais: vendedores,
professores, médicos, advogados, repórteres, etc. (OROFINO, 2009, p. 221)
E dizia
Grotowski em 1972 em uma palestra no Brasil:
Apesar de todos os
nossos condicionamentos, o que nos distingue são as maneiras de representar na
vida real. Se pararmos a representação, que é bem difícil e raro nos tempos que
correm, teremos superados as diferenças. Estaremos ainda condicionados pela
história, pelas nossas feridas, pelos nossos medos, pelas nossas esperanças.
Mas, apesar de tudo isso, seremos semelhantes. Acontece que toda a civilização
é uma grande formação de representações (e uso aqui o verbo representar no
sentindo inglês de to act, to perform). Vivemos representando papéis; o tempo
todo representamos papéis. (2006, p. 34)
Grotowski
está proferindo esse discurso antes da revolução tecnológica e do ápice da vida
publicitária. Com o advento dessa revolução, ficamos cada vez mais performático.
O “parecer”, imagem representada socialmente tem muito valor, às vezes, mais
que o ser na realização efetiva, a venda do produto ganha uma importância que
tende a superar sua eficácia, pois sua eficácia acaba se resumindo em algo que
serve à venda, ganhando um invólucro comercial que gera afetação.
Hoje
não há limites. À virtualidade contribui em demasia aos aspectos performáticos,
o mercado realiza a manutenção da desigualdade. Televisões ocupam lugares
públicos (de restaurantes a ônibus), poluição excessiva (da sonora à visual),
principalmente nas ruas das grandes cidades. Fones de ouvidos de diversas cores
e modelos, olhares fixos nos celulares, agora, com acesso ilimitado. Defesas?
Fugas? Realidades comuns, porém isolados. Um site ao outro, um pouco de muitas
informações. Que maravilha!: promoções e promoções, a toda hora, no celular, na
televisão... Câmeras de vídeos nas ruas: sorria para não chorar. O tempo todo: visualizar
e produzir informações: narramos e comentamos nossas vidas, da profissional à
íntima. Andy Warhol visionário? Constantes 15 minutos de fama, com seus amigos
(públicos) virtuais. Penso em George Orwell, não? 1984 (2009). Só que no seu
discurso, devido a época (em 48) o controle era mais explicito, quando o livro
foi escrito a figura personificada do ditador era forte e presente. Hoje,
observamos a figura ditatorial abstraída, embora siga visível a ostentação
violenta da polícia garantindo a insegurança na defesa da segurança pública. Cultura
do medo: submetemos a abordagens de abuso de poder receando a tortura (ou
física ou psicológica). Defesas da liberdade de possuir, ininterruptas ordens publicitárias que recriam
padrões pela sedução, o poder de consumo que se relaciona com o lançamento - a
propaganda serve a todos (a realidade é comum); o produto, para ter valor, a
poucos -; mas não se deem o luxo de se entristecerem, sua desvalorização será
rápida (e eficaz). É proveitoso à manutenção da desigualdade e à lucratividade.
Outros produtos serão lançados rapidamente - frustação perene. Essa organização
social, que privilegia a construção performática rotineira (produto/comércio),
é digna de rituais que disseminam energias que reforçam padrões que se repetem.
Paradigma depressivo? Será que há
motivo para estarmos depressivos? Sufocados pelo ilimitado! Não há críticas aos
veículos tecnológicos, atenção na utilização.
Estamos
falando de forma geral, da máquina ditatorial (que neste caso assume um tom
empresarial). Na individualidade, subjetividades dimensionais - habitus, diz Bourdie (2007) - dialogando
com instituições. A moda (no sentido de modismo e não como expressão artística
oficial) que não se restringe apenas à aparência, mas também à maneira de
existir: tribos que se misturam na
diversidade.
E o
teatro neste contexto?
Fragmentações,
tensões, sobreposições, livres associações, rizomas... A linearidade na sinfonia
caótica da contemporaneidade não tá com
nada: é um elemento frágil. Embora que a maior contribuição do pós-moderno
é não ditar uma estética ou uma poética específica: o que importa é a áurea!
Bem que o pós-dramático aparece como o último grito (do intelectual à intelectualidade
papagaia), mas é apenas mais uma linguagem, e nenhuma linguagem é um fim.
Mesmo que se faça a linguagem pela linguagem. Se se chegarmos ao ponto de a
linguagem for o fim, chegaremos, então, ao um grau de mediocridade altíssimo. Enfim,
diversidade é a palavra de ordem. E o que a diversidade tem em comum? Se hoje
tudo vira comércio, o teatro não saiu ileso; e sofre com a máquina empresarial
que se ocupa da circulação financeira. Sobre esse assunto Flávia Janiaski em
seu artigo O produtor e o produto no
teatro de grupo faz considerações relevantes como “As manifestações
artísticas ficam desta forma, reduzidas e até mesmo presa aos padrões impostos
pelo mercado e sua lógica de ação, que é a do consumo e do entretenimento.” ou
“(...) se corre o risco do produtor cultural ou o grupo de teatro, serem
obrigados a adotar uma imagem que preencha as expectativas destas empresas e
isso pode gerar adequação dos valores grupais.” (2008, p. 71) É assim,
independente da linguagem, o teatro é um produto que tem que se vender, como
tudo. Por que seria diferente? Só porque é teatro? Arte? É. Poderia ser
diferente, mas não é!
Fecha parêntese.
Então,
sugiro neste artigo, ignorarmos todo e qualquer tipo de cenário teatral oficial
e não colocar em primeiro lugar o quanto funcional (no plano comercial) uma peça
é para suprir as necessidades poéticas das leis da contemporaneidade. Outro
aspecto que vamos tomar cuidado demasiado é com a questão da obsessão pela
originalidade, como Stanley Kubrick em uma de suas poucas entrevistas diz “Acho
que um dos grandes erros da arte do século XX é sua obsessão pela originalidade
a qualquer preço. (...) Inovar é ir em frente sem abandonar o passado.” (In CIMENT,
p. 141, 2013) No contexto atual de que tudo fica desatualizado com um dinamismo
assustador, melhor mesmo é nos manter protegidos da novidade. Os conceitos:
deixamos emergir na lógica da necessidade, são muitos “pós” que a digestão pode
ficar dificultosa, e podemos nos intoxicar com a profusão das combinações dos
termos, que em serem reproduzidos demasiadamente ficam desprovidos de áureas e
impregnados de superficialidades. O porquê disso tudo? A busca da profundidade
que só a simplicidade impulsiona: a busca do refinamento do humano. Vamos
determinar prioridades e trabalhar com o que é de consciência comum: a
densidade. A densidade dos corpos conscientes: o físico, o emocional e a mente
concreta; já que os planos anímico e espiritual exigem um trabalho árduo de
desenvolvimento abstrato, para assim conseguir ter vislumbres conscientes dos
planos sutis. Por isso começamos com os planos densos para abstrairmos e chegar
ao sutil. E para realizar essa pesquisa utilizo a linguagem realista.
Por
que o realismo?
O realismo
não necessariamente é a reprodução do cotidiano, não no teatro realista ritual
como proponho. Na verdade, a busca é que não seja. No realismo, o corpo do ator
não é uma expressão do interno puramente, uma expressão direta da alma, fruto
de uma expressão puramente abstrata. Mas, sim, uma expressão do interno em um
corpo físico que está sofrendo ou desfrutando da realidade cotidiana. Não há
anulação do institucional, do corpo social, do contexto material – a cultura. O
realismo utiliza o personagem para chegar ao humano e a estória como invólucro
de um rito simbólico.
Em
outras palavras, pensamos na vida como agentes criativos imersos em contextos
circunstanciais, cada ambiente obedecendo leis que determinam possibilidades
referenciais de comportamentos. Dentro do contexto cultural, independente de
qual, personagens se relacionam intimamente com paisagens internas de universos
subjetivos, podendo haver choques ou afinidades com o externo. O realismo nos
possibilita representar a esfera mais externa e aparente do humano, o aspecto
visível (aparente banal) das relações sociais e ao mesmo tempo nos possibilita
criar caminhos para focar as dimensões internas e extra cotidianas da
existência humana.
Em diferentes contextos podemos achar conexões
comuns (sempre há!), pois, até se provar o contrário: somos todos humanos numa
aparente existência. Mas há também diferenças exorbitantes pela questão do
meio. E isso é um ponto relevante para o realismo. O padrão contextual assegura
os atos dos personagens. Assim, podemos criar épocas distintas, em locais
diferentes. Podemos criar o fantástico, apresentar a linguagem abstrata, no
entanto, somos sempre obrigados a justificar. Diferente de algumas linguagens
de vanguarda (COHEN, 2007) que podem colocar a atenção na linguagem pelo
desenvolvimento da linguagem, no realismo qualquer romper e projetar ao extra
cotidiano tem que ter um embasamento, a linguagem serve a uma estória a ser
contada, mesmo que desconexa. Podemos ver um universo desconexo com elementos
oníricos, desde que deixamos pistas para o público que isso, por exemplo, é
fruto da mente de um personagem esquizofrênico. No realismo sempre há têmpora
do indivíduo (ou indivíduos) com a realidade comum cotidiana.
Chamo
de realismo ritual porque a pretensão é acessar os arquétipos e os tencionar. O
espetáculo realista tem que mexer com as estruturas convencionais, é o momento
que as condições como humano e humanidade são questionadas, abaladas, desestruturadas
ou reestruturadas... É inevitável, que o humano em algum momento vai dinamizar
o estático (a referência estabelecida), a subversão (o desajuste emergente da diversidade
individual) que regurgita na fisicalidade externa e se projeta no interno, e
vice-versa. A estória serve sempre como uma porta para instabilidade, uma
transição, um rito de passagem, tem uma dinâmica energética intensa. Enfim, no
teatro ritual realista a estória é um fio que orquestra padrões energéticos
individuais, que compõem a condução das relações do corpo coletivo.
Agora,
alguns preceitos técnicos:
Aspecto
importante no teatro ritual é a estruturação formal, pois, estamos na fisicalidade
que é o mundo da forma. Deve-se chegar ao ponto em que o grupo consiga
reproduzir a unidade, e, para isso, tem-se que lidar com a precisão. O desenho
da dança física que se agencia com os movimentos intelectuais e astrais
(emoções e sentimentos) tem que ter a intenção da impecabilidade. Repetição é a
palavra. Quando o corpo em movimento vai assimilando o desenho cênico, os
limites cada vez mais são fixados, possibilitando que a criatividade seja
estimulada. Se não há limites, a criatividade é menos viável, Yoshi Yoda radicaliza
dizendo “(...) quanto mais estivermos limitados pelos mais variados tipos de
proibições e restrições, mais chance teremos de atingir uma atuação criativa”
(1999). Embora as marcas sejam repetidas com precisão, existe a diferença; pelo
simples fato de que a repetição é uma mentira, nada na sua complexidade é
susceptível a repetição quando estivermos considerando o humano como ponto
central de uma pesquisa.
Outro
aspecto é a questão da identificação.
“Os corpos podem ser físicos, biológicos,
psíquicos, sociais, verbais – são sempre corpos ou corpus” (DELEUZE &
PARNET, 2004, p. 70).
“ (...) as qualidades também são corpos, os
sopros e as almas são corpos, as próprias acções e as paixões são corpos” (DELEUZE
& PARNET, 2004, p. 81).
Se
considerarmos que nossos corpos materiais não são apenas veículos de uma alma,
que somos Consciências em variegados níveis dimensionais se agenciando
constantemente, corpos formando um padrão vibracional. Um personagem será uma
criação/evocação de corpos que conscientemente criaremos identificações. Na
vida não é diferente, só há possibilidade de personagem porque há
identificação, às vezes, nos identificamos tanto que acreditamos ser o que
projetamos, nos viciamos em nossas criações, nos acorrentamos no padrão que
formamos. O trabalho do ator é a construção e conscientização dos corpos que o
personagem carrega (dos institucionais aos mais íntimos) – falarei da
construção (evocação) destes corpos mais adiante. No plano formal sempre há
identificações, mesmo quando aparentemente não há personagem formal clássico, e
sim a “persona”, por exemplo (COHEN, 2007), mesmo que o ator esteja
representando o ator (uma pessoa se expondo), haverá evocação, aproximações,
manipulações de corpos que se manifestam, e a percepção desses corpos já é um
nível de identificação. O personagem “Ator” sempre existirá, mesmo se usarmos
outra nomenclatura com ares antigos de inovação. Intelectualmente podemos construir
o fim do personagem, no entanto, só existe no plano mental dos conceitos
intelectualizados pertencente ao planos da literatura e não da exposição
prática de um ato público.
Da construção da personagem
[Stanilasvski] insiste para os atores
executarem pequenos objetivos físicos por meio de ações, pesquisando sua lógica
e consecutividade com sinceridade e verdade mesmo sem terem analisado
detalhadamente a personagem, como comumente faziam. (MEYER, 2007, p.99)
e
A ideia de que “uma
série de ações físicas, realísticas, tem a capacidade de engendrar e criar a
vida mais elevada de um espírito humano em um papel” causava estranhamento até
entre os seus atores, já que o próprio diretor, anteriormente, orientava-os
penetrar nas vias do sentimento através da memória afetiva. (MEYER, 2007, p.102)
Abordo
a personagem na construção do seu universo interior. No entanto, diferente de
Stanislavski que, em sua primeira fase, abordava em uma construção de estudos
intelectuais (de mesa) sobre as
memórias afetivas e psíquicas da personagem, um estudo detalhado de sua
trajetória para depois ir ao físico; o que proponho em relação ao realismo é
uma construção interior do universo abstrato não apenas de forma intelectual,
mas a materialização física do abstrato, a partir das ações físicas (como na
última fase de Stanislavski), criando um ritual da personagem. Esse ritual,
como estou propondo, ignora as memórias e a trajetória de vida da personagem,
ele funciona como aproximações rizomáticas a diversos elementos que a priori não
tem lógica cartesiana.
O
início é o físico: a dança – criação de um repertório de ações e vibrações,
para depois se definir uma partitura, que é o material susceptível a
experimentação de ritmos, intensidades e qualidades energéticas. Estipulado a
partitura, repete-se para que entre em um nível de precisão e, assim,
proporcionar liberdade para evocar o arquétipo. Em caso de textos previamente
escritos, tentamos identificar o padrão arquetípico dos personagens e os atores
jogam na dança/partitura esse arquétipo, tencionando-o, colocando (se
necessário) elementos complementares (associações subjetivas): textos, músicas,
projeções, coros, sonhos, etc. Dimensiona a dança/partitura na construção
simbólica, buscando que o Mito se revele, depois começamos a construção do
personagem nas ações físicas da cena, no jogo.
O
arquétipo é o padrão universal que pode se matizar quando se aproxima com
aspectos do físico/material do personagem, possibilitando em planos
intelectuais a construção do mito. Se pegarmos o arquétipo de cristo e
aproximar a vida de um personagem histórico como Jesus, chegamos ao mito do
sacerdote perfeito, que melhor expressou na materialidade a energia arquetípica
crística. Quando colocamos o olhar no personagem e o abordamos com as leis
concretas, podemos, por exemplo, ver um Jesus esquizofrênico, que dizia ver e
falar com Deus, agindo socialmente contra o poder vigente estabelecido, que
casou com uma prostituta e acabou sendo torturado e morto. E na
tridimensionalidade sempre há motivos para questionamentos, nesta abordagem,
podemos colocar em questão a esquizofrenia, e ver um Jesus por outro ângulo:
que fez experiências metafísicas e se sacrificou porque não quis compactuar com
a doença social e “isto é nocivo porque a consciência doente tem a esta altura
interesse capital em não se livrar da doença” (ARTAUD, 2007, p.28). Estamos
falando de um personagem Jesus que é a representação simbólica do arquétipo
puro de Cristo, no entanto, personagens dificilmente vão ter como influência
arquétipos puros, quase sempre são uma junção de dois ou mais.
Desta
forma, a construção da personagem não fica limitada a construção psicológica e
afetiva, lógica de uma trajetória de vida. O ritual obedece a leis
pós-dramática, atua na abstração, negando a estrutura dramática cronológica de
fatos. As memórias são apenas mais um corpo a ser agenciado
A
construção filosófica é que não somos apenas frutos de memórias conscientes, o passado
em si é muito pouco para justificar nossos atos, somos formados por relações
sutis que transcendem a consciência intelectual concreta, somos frutos também
de nossas experiências oníricas não conscientes, de influências de corpos que
vagueiam no inconsciente, de memórias não pessoais pertencente a tradição
social que transcendem uma existência pessoal. Por isso a construção do padrão
ritualístico construído em uma lógica abstrata não linear. Dessa forma o ator
cria também um inconsciente, ou abre canal para forças inconscientes se
manifestarem, é uma criação consciente do ator de um inconsciente do
personagem. Com essa carga que o ator vai jogar a situação, o conflito, a intriga,
a problematização do contexto social, a limitação cultural da cena, pois no
agora só existe a situação e padrões vibracionais (conjunto complexo da
expressão agenciada de corpos) se expressando: “Tudo é uma mistura de corpos,
os corpos penetram-se, forçam-se, envenenam-se, imiscuem-se, retiram-se ou
destroem-se...” (DELEUZE & PARNET, 2004, p. 81).
Brevíssima consideração final:
O espetáculo realista ritual serve como
“veículo”, no sentido que Grotowski descreve em que o “(...) resultado não é o
conteúdo; o conteúdo está na passagem do pesado ao sutil.” (GROTOWSKI, 2007, p.
235).
Bibliografia:
ARTAUD,
Antonin. Van Gogh - O suicida da
sociedade. Rio de Janeiro: José Olympio, 2007
BOURDIEU, Pierre. A distinção: crítica social do julgamento. São
Paulo: EDUSP, 2007.
CIMENT,
Michel. Conversas com Kubrick. São
Paulo: Cosac Naify, 2013.
COHEN, Renato. Performance como linguagem. São Paulo:
Perspectiva, 2007.
DEBORD, Guy. A sociedade do espetáculo. Rio de
Janeiro: Contraponto, 1997.
DELEUZE, Gilles; PARNET,
Claire. Diálogos. Lisboa, Ed:
Relógio d’água, 2004.
GROTOWSKI, Jerzy. Palestra
no Brasil. Revista Cavalo Louco. Ano
1 Nº 1 Março, 2009. Palestra.
________________. Da
companhia teatral à arte como veículo. In: FLASZEN, Ludwik e POLLASTRELLI, Carla (org). O teatro laboratório de Jerzy Grotowski
1959-1969: textos e materiais de Jerzy Grotowski e
Ludwik Flaszen com um escrito de Eugênio Barba. São Paulo: Perspectiva/SESC, 2007.
JANIASKI, Flávia. O produtor
e o produto no teatro de grupo. Revista
Urdimento. Florianópolis. v.1 n.
11. P. 67-77. Dez 2008.
MEYER, Sandra. As ações
físicas e o problema corpo-mente. Revista
Urdimento. Florianópolis. v.1 n.
09. P. 97-109. Dez 2007.
MOSTAÇO, Edélcio. Fazendo
cena: a performatividade. In: MOSTAÇO, E.; OROFINO, I.; STEPHAN, B.; COLLAÇO,
V. Sobre performatividade. Florianópolis:
Letras Contemporâneas, 2009. p. 15 – 47.
OROFINO, Isabel. Mídia,
performatividade e poder: estratégias de mobilização das audiências pela tela
da TV. In: MOSTAÇO, E.; OROFINO, I.; STEPHAN, B.; COLLAÇO, V. Sobre performatividade. Florianópolis:
Letras Contemporâneas, 2009. p. 219 – 241.
OIDA,
Yoshi. Um ator errante. São Paulo:
Beca produções culturais, 1999.
ORWELL,
George. 1984. Rio de Janeiro: Cia
das letras. 2009
VILLAÇA, Nízia. Performance
e o paradigma depressivo. In: MOSTAÇO, E.; OROFINO, I.; STEPHAN, B.; COLLAÇO,
V. Sobre performatividade. Florianópolis:
Letras Contemporâneas, 2009. p. 205 – 217.